18.6.21

Encontros entre o Yogi Urbano e o Eremita (Excertos 2)


Ao chegar ao local combinado, o aluno, cumprimentou com sentimento de estima o yogi eremita e sentou-se. Os seus amigos imitaram-no e sentaram-se também. Após alguns momentos em silêncio perguntou:

9. Como posso conter o prána dentro do corpo e por onde devo começar para desenvolver a percepção do corpo subtil, quando a minha mente é inquieta, turbulenta, obstinada e muito forte, tão difícil de dominar quanto o vento?  

"Enquanto a respiração (prána) for irregular, a mente permanecerá instável; quando a respiração se acalmar, a mente permanecerá imóvel e o yogi conseguirá a estabilidade. Enquanto houver alento no corpo, haverá vida. Quando o alento parte advém a morte. Por conseguinte, deve-se regular a respiração (praticando pranayama)."

O outro yogi eremita que lá se encontrava acrescentou:

“O pranayama ou o domínio da força vital é uma forma, o auto-conhecimento é outra. Embora o significado de yoga se refira ao primeiro, ambos os métodos conduzem ao mesmo resultado. Para uns, o auto-conhecimento pela inquirição ou reflexão é difícil, enquanto outros consideram o yoga como sendo o mais difícil. Mas a minha convicção é que o método de inquirir é mais fácil para todos, simplesmente porque o auto-conhecimento é aquela verdade sempre presente em nós.” 

Os yogis eremitas olharam-se mutuamente com cumplicidade. As suas respostas não eram contraditórias, eles sabiam que no grupo haviam buscadores com inclinações, temperamentos e objectivos diferentes. E é por isso que o yoga propõe vários caminhos e soluções práticas.

Este é um pequeno excerto de um trabalho maior que visa tornar mais acessível e esclarecedor o estudo das escrituras de Yoga e Hatha Yoga. Mais virão brevemente.

Pergunta e texto elaborado por Gonçalo Correia. 

Apenas o texto entre aspas é citação da Hatha Yoga Pradipika (2.2 e 2.3) um dos principais e mais influentes textos sobre hatha yoga datado aproximadamente entre séc. XIV e XVI. A 2a citação é do Yoga Vashistha anterior ao séc. XIV.

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